13 de julho de 2017

Ser ponte








Há uma grande responsabilidade em ser Ponte. Um tantinho abaixo, uma postagem em que me digo parteira de Almas, e da minha própria, sobretudo. Mas há outras imagens. A imagem da Ponte é outra que me é significativa. Para alguns, ponte pode ser apenas ponte. Mas não é bem assim. Ponte se deita sobre margens opostas e possibilita o caminhar. As margens opostas - na maioria das vezes - estão solidificadas dentro da gente, por inúmeras e importantes razões. Ser Ponte é ser palavras, mas também silêncio, nos momentos devidos. Sem dizer palavra, às vezes me deito. Cabeça e pés sem divergências. Respiração tranquila. Semblante sereno. As margens se encontram através de mim. Através e em mim. Não me mexo. Não estranho. Não há nada que sinalize conflito. Só deito. E ele e ela olham, com um tanto de incerteza que se dissipa ao me ver estendida e plácida. Sinto o ressoar de passos inseguros, mas sem recuos. Em horas, dias ou meses, ele ou ela consegue alcançar o outro lado. Respira. Foi possível. E descobre que pode ir e voltar. A qualquer tempo. Em algum momento, desapareço, silenciosamente. Ele ou ela já sabem que as margens opostas já não se opõem. Não estou mais lá. De algum lugar, observo passos firmes que vão e voltam. No meu lugar, uma Ponte outra. Definitiva. Onde eu estive, já não há mais Abismo. Espero mais adiante, para deitar-me outra vez, se preciso for. Alegra-me o caminhar livre!

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